VI. Entranhas do Tempo
No 8º andar, tudo parecia feito de carne viva. As paredes pulsavam como se respirassem. O chão era quente.
Havia relógios pendurados, todos parados em horários diferentes. No centro da sala, um espelho de água negra. Yumi se aproximou.
°Cenas começaram a se refletir:
°Crianças sendo levadas da vila.
°Aiko sendo escolhida.
°Sayuri assinando contratos com médicos de fora.
Um culto se formando — aldeões ajoelhados diante de uma figura com véu escuro e sorriso largo.
Yumi piscou. Tudo havia sumido.
Mas seu reflexo havia mudado. Agora, ela usava o uniforme da antiga Yukigakure. Seu passado queria alcançá-la.
VII. A Caverna da Mente
O 9º andar era feito só de portas fechadas. Cada uma trancada com um símbolo diferente. Por trás delas, sons abafados, súplicas, choros de crianças.
Yumi encostou o ouvido em uma das portas. Alguém do outro lado sussurrou:
— “Não abra… eles estão fingindo ser humanos…”
Outra voz, mais velha, implorava:
— “Por favor… abre… eu sou… sua mãe…”
Ela recuou.
Gritos ecoaram com tanta força que o prédio inteiro pareceu estremecer. Vozes quebravam a realidade, distorcendo os corredores. Mas ela seguiu até a última porta.
E então desceu ao décimo e último andar.
VIII. O Vazio que Observa
O 10º andar era completamente branco.
Nada. Nem portas. Nem sons. Apenas o eco de seus próprios passos.
Mas quanto mais Yumi caminhava, mais via… cenas se repetindo.
Experimentos antigos. Pessoas de Yukigakure sendo usadas como cobaias. Aldeões tentando fugir, sendo perseguidos por médicos mascarados.
Um homem foi jogado em uma banheira com a água negra que Yumi havia visto antes. Ele implorava para morrer, mas era mantido consciente.
A cena sumiu.
Agora ela via sua irmã, Aiko, sendo colocada em uma câmara.
Uma voz surgiu:
— “Aqui o tempo parou… mas a dor nunca foi interrompida.”
Yumi tentou gritar. Mas… ninguém podia vê-la. Ouvi-la. Tocá-la.
Era como se aquele andar estivesse fora do mundo. Fora da realidade.
Mas dentro… da Entidade.