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- O Mundo Sombrio que Traz o Fim da Esperança (Novel)
- Capítulo 16 - O Canal das Águas Esquecidas
Yumi voltou à beira do lago congelado que margeava a Aldeia Izuro, onde as águas negras pareciam absorver a pouca luz que havia ao redor. Um silêncio absoluto pairava, quase sufocante.
Ela se lembrou das palavras de Renjiro sobre o tempo sendo um círculo que queimava quem tentasse atravessá-lo, e seus olhos se fixaram nas águas espelhadas, onde imagens distorcidas surgiam e desapareciam — flashes do passado, presentes que não deveriam coexistir.
Uma voz tênue sussurrou seu nome, vindo das profundezas escuras.
Ao tocar a superfície, Yumi sentiu uma onda de vertigem. As águas não eram apenas líquidas — eram um portal. Um canal para o lapso temporal que fragmentava tudo ao seu redor.
Ela viu fragmentos de memórias — dela, de sua irmã Aiko, de Sayuri — misturados em um mosaico desconexo. Era como se o tempo ali não tivesse começo nem fim, apenas ciclos infinitos que se repetiam e se sobrepunham.
Renjiro apareceu ao seu lado.
— “Essa água é a chave e o cárcere, Yumi. A memória e o esquecimento. Um espelho para tudo que aconteceu… e tudo que pode acontecer.”
Yumi fechou os olhos, sentindo a pressão do passado e do futuro se chocando dentro dela.
— “Se eu entrar nesse ciclo… posso encontrar a verdade. Ou me perder para sempre.”
Renjiro assentiu.
— “Mas sem isso, não haverá futuro para Yukigakure.”
O vento uivou pela aldeia esquecida, e a neblina começou a subir, engolindo tudo em um abraço gélido.
O tempo esperava.