- Início
- O Mundo Sombrio que Traz o Fim da Esperança (Novel)
- Capítulo 12 - Ecos do Subsolo
A casa onde Yumi havia acordado agora estava afundando. As paredes pareciam pulsar, como se estivessem respirando, e os móveis se reorganizavam sozinhos cada vez que ela piscava. O espelho no centro da sala não mostrava seu reflexo — mostrava o passado.
Ela via Aiko.
Mais jovem. Sentada em uma sala estéril, sob luzes frias. Sayuri ao lado dela, sorrindo. Aiko não parecia assustada. Estava… confiante.
— Você vai ajudar a salvar esta cidade, Aiko, dizia a mulher.
Mas o que ela não via era a figura sombria nas costas de Sayuri. A silhueta distorcida, com olhos brilhando através das frestas do tempo. Um parasita. Um sussurro.
O tempo sussurrava.
No presente, Yumi tocou o espelho — e foi puxada.
Ela acordou em um corredor subterrâneo, gelado, de pedras escuras. Códigos estavam entalhados nas paredes. Eles se mexiam, como vermes. Eram os mesmos símbolos que surgiram em sua pele depois do “sacrifício”.
Lá, ela viu Takeshi.
Ele também havia sido arrastado.
— Você viu o reflexo? — ele perguntou, ofegante. — É tudo… fragmentado. Cada vez que tentamos fugir, voltamos para a origem.
Yumi assentiu, mas estava em choque. Os olhos dela começavam a mudar — reflexos dançavam em suas pupilas.
Ela via partes de vidas que não vivera.
Aiko, gritando.
Sayuri, sozinha em uma cela de vidro.
A cidade, coberta de neblina, sendo evacuada.
O mundo lá fora… esquecendo que Yukigakure existiu.
Ela olhou para Takeshi.
— O que somos, Takeshi?
Ele hesitou, depois apontou para o teto do corredor, onde uma antiga placa enferrujada balançava:
“Centro de Pesquisa Yūgen – Área Selada.”
— Armadilhas. Experimentos. Memória e vírus… Eles não sabiam onde um começava e o outro terminava.
— Mas você… Yumi… Você é o último ciclo. Ou a última chance de quebrá-lo.
No outro extremo da cidade, Sayuri tocava o altar congelado.
Seus dedos queimavam ao contato com o gelo negro.
Ela murmurou:
— Aiko resistiu… mas ela era a primeira chave. Yumi, porém… ela é o fim e o recomeço. A silenciosa. A selada.
— Quando o selo ruir por completo, o vírus será libertado… ou destruído.
Ela olhou para trás, onde uma sombra se formava.
— Preparem o ritual. Está quase na hora de começar tudo… de novo.