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- O Mundo Sombrio que Traz o Fim da Esperança (Novel)
- Capítulo 11 - Ela Nunca Foi Embora
As paredes da torre começaram a tremer.
Yumi se encolheu atrás de uma estante quebrada enquanto uma figura surgia pela porta. Sua silhueta era esguia, coberta por um manto cinzento que arrastava pelo chão. Seus passos não faziam barulho. Era como se deslizasse entre as rachaduras do tempo.
A mulher parou diante do espelho antigo no canto da sala. E falou:
— Você acha que se escondeu bem, Yumi. Mas eu já estive aqui antes de você… com sua irmã.
A voz era baixa, cortante, familiar.
Yumi apertou os olhos. Algo naquela voz a puxava para trás… memórias distantes.
Flash.
Uma sala com equipamentos científicos.
Flash.
Aiko sorrindo. Uma mulher ao lado dela, de jaleco, cabelo preso, olhos negros como tinta.
“Doutora Sayuri.”
A mulher do manto era ela.
Ou o que restou dela.
— Aiko abriu a porta. Você é a chave final. Ambas foram geradas… para selar ou libertar.
— Mas o vírus… ele é mais antigo que a cidade. Eu apenas o compreendi antes de todos.
Ela se virou. O rosto ainda era parcialmente humano. Mas algo pulsava sob a pele. Como se o tempo a tivesse moldado… e deformado.
— Quando eu fui deixada aqui, não fui morta. Fui convertida. Parte de mim… tornou-se parte dele.
Enquanto isso, Takeshi encontrava documentos nos túneis da caverna abaixo da vila. Um deles, datado de vinte anos atrás, descrevia uma missão de pesquisa:
Projeto Yukigakure – Fase 2:
Doutora Sayuri liderando grupo experimental.
Objetivo: neutralizar os efeitos do Vírus Yūgen através da criação de receptores humanos (as “chaves”).
Sujeitos principais: Aiko Arakawa (Chave Primária) e Yumi Arakawa (Chave Silenciosa).
Takeshi sentiu um calafrio.
O que era esse projeto?
Ele olhou para as paredes.
Símbolos antigos — os mesmos que viu tatuados no braço de Yumi.
A mesma espiral.
A mesma frase repetida:
O tempo é o vírus. O hospedeiro é o fim.
Yumi correu da torre, o coração acelerado. A neve agora caía para cima. O céu girava em espiral. O tempo se desfazia.
A voz de Sayuri ecoava em sua mente.
— Você já morreu aqui antes, Yumi.
— A única razão de estar viva… é porque ainda não se lembrou completamente.