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- O Mundo Sombrio que Traz o Fim da Esperança (Novel)
- Capítulo 09 - O Ciclo que Nunca Termina
Yumi caminhava pela floresta coberta de neblina densa. Já havia passado por ali antes… não havia? A árvore com marcas cortadas. A pedra com sangue seco. A velha boneca pendurada por fios de cabelo.
Ela tinha certeza.
E mesmo assim… tudo parecia novo.
O ar era pesado, como se respirasse lembranças em vez de oxigênio. A marca em seu ombro latejava com força. Seus olhos começaram a ver coisas que não estavam ali — ou estavam?
Ao pisar em uma trilha de terra afundada, ouviu algo que a congelou:
— Yumi, volte. Você não deveria ter acordado…
A mesma voz. A mesma entonação. Era Aiko. Mas… ela já havia ouvido isso. No espelho. No sonho. Na água.
Tudo parecia um ciclo.
Ela correu.
A trilha a levou até a cabana onde havia acordado antes. A porta rangia do mesmo jeito. O rádio ainda tocava a mesma melodia. O diário em cima da mesa… ainda com seu nome.
“Quando ela lembrar, o selo vai ruir.”
“Quando ela lembrar, o selo vai ruir.”
“Quando ela lembrar…”
Ela gritou. Atirou o caderno contra a parede. Mas ao olhar para a mesa novamente… o caderno estava de volta.
Fechado.
No subterrâneo da vila, Takeshi recuava da criatura costurada. Mas quanto mais ele corria, mais túneis surgiam, todos iguais. Os símbolos nas paredes, as mesmas esculturas, os mesmos sussurros.
Como se estivesse preso em um labirinto que dobrava o tempo.
A criatura ria.
— Você já fugiu, Takeshi. Já tentou quebrar o ciclo. Já tentou salvá-la. Sempre termina igual.
Takeshi se encostou contra a parede. Estava desesperado.
Mas então viu algo diferente.
Uma rachadura. Não no túnel, mas no tempo.
Ele passou a mão e o mundo estalou. Um relâmpago atravessou o subterrâneo. Por um instante, ele viu Yumi, em outro lugar. Gritando. Tentando sair de uma sala cheia de espelhos.
Eles estavam presos em fragmentos de tempo, como peças soltas de um quebra-cabeça.
E no centro de tudo, no coração oculto da cidade de Yukigakure, o ser estranho caminhava por um corredor feito de ossos e memórias, com o sorriso torcido.
— Eles sempre voltam. Eles sempre esquecem. Eles sempre tentam… e falham.
A cidade era dele.
E o tempo… também.