O frio queimava. A casa onde Yumi despertara parecia distante agora. A cada passo que dava, as árvores ao redor pareciam observá-la. As sombras dançavam mesmo sem vento.

Seu corpo ainda doía. A marca em seu ombro latejava como se algo dentro dela tentasse se mover.

Mas não era apenas dor.

Era… um chamado.

Yumi parou diante de um espelho quebrado preso à parede de uma casa semi-enterrada na neve. Seu reflexo tremia. Seu rosto estava mais pálido. E atrás de si, por um instante, a pequena aldeã com os olhos de Aiko apareceu no espelho.

— Eles te deram para o gelo, disse a menina. Mas o gelo não te quis.

Yumi se virou rapidamente. Nada ali.

Mas no chão, havia pegadas pequenas, encharcadas de sangue.

Ela começou a seguir as marcas, mesmo sem entender por quê.

Enquanto isso, Takeshi avançava por um túnel gelado que descobriu nos arredores da floresta. Ele havia decifrado parte dos códigos no caderno de Yumi. Estavam ligados a um mapa antigo — uma rota usada por antigos caçadores de maldições.

Ao chegar a uma câmara subterrânea, encontrou uma escultura antiga: duas figuras femininas de mãos dadas, uma com um espelho no peito, a outra com uma chave cravada nos olhos.

No pedestal, escrito em latim antigo:

“Quando o sacrifício for recusado, o portador despertará com fome.”

A temperatura caiu bruscamente. A névoa tomou conta da caverna. E dele… saiu algo.

Uma criatura retorcida, com olhos que se abriam em espirais. Pele costurada. Garras como ossos de vidro.

Ela o encarou.

E sorriu.

— Você é o elo que nunca deveria ter sido tocado… Takeshi.